Em uma época dominada pela ignorância e Lei da selva, onde o forte comia o fraco; ídolos eram adorados; a carniça era consumida; as imoralidades eram cometidas; os laços de parentesco eram cortados; a discriminação racial era comum; as pessoas se dividiam em classes sociais, cada uma com suas características e alegadas distinções; Os fracos eram explorados pelos fortes; os ricos exploravam os pobres e as pessoas escravizavam umas às outras; com a vinda do Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) foram iluminados pela sua missão e revelação divida que se espalhou como fogo em palha, invertendo os padrões prevalecentes naquela época. Foi à missão que se chocou com os caprichos e os desejos de muitos. Foram enfrentados por isso, todos aqueles que eram governantes injustos, usurpadores da riqueza do povo. Isso aconteceu porque o Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) trouxe a Lei da unicidade, que apela a libertação do ser humano da servidão para além de Deus. Seu resultado foi a libertação da alma humana de todo o controle tirano ou da servidão; a Lei cujo os princípios constituem a luta contra a ignorância e a proibição da imoralidade oculta ou abertamente; a Lei que proíbe a injustiça, a opressão e que eliminou todas as divisões de classe que prevaleciam na comunidade com base na diferença de cor, sexo e raça; a Lei que coloca o ser humano no seu devido lugar, de acordo com a vontade de Deus, que é honra-lo e salva-lo da humilhação imposta por aqueles que tornam as pessoas escravas e servas, restituindo-lhe os seus direitos usurpados pelos sugadores de sangue.
Antes da Missão do Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) O ser humano adorava outros seres humanos ou estátuas de pedra ou madeira entalhada e escravizava o seu irmão, utilizando sistemas injustos - quer financeiro ou social explorava ao máximo o seu empenho e a sua dignidade, furtava o suar de seu rosto. O Islão lutou contra todos os sistemas injustos que dividiam a sociedade em classes sociais. O Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz), veio e disse: "Ó povo, o vosso Senhor é Um só, o vosso pai é um e não há superioridade do árabe sobre o não árabe, nem do não árabe sobre o árabe, nem do vermelho sobre o negro, nem do negro sobre o vermelho, a não ser pela piedade e temor a Deus."(Musnad Imam Ahmad)
Os livros sagrados dos hinduístas brâmanes admitiam a valorização entre as pessoas de acordo com a classe e a origem. Citavam que Brâman criou a classe dos brâmanes da boca e criou o grupo Kṣatrya de seu braço, de suas coxas a Vaiśya e dos pés nasceu o Śūdra. Seus livros dividiam as funções sociais entre essas camadas, onde tornaram os mais detestáveis, impuros e degenerados de sua coxa e seus pés a camada desprezível, que só assume os trabalhos servis e que foram criados para servir aos brâmanes.
Os antigos gregos e romanos pensavam que eram povos criados a partir dos elementos diferentes do que as outras pessoas, a quem denominavam de bárbaros. Expressava esta grande distinção o maior dentre seus filósofos, Aristóteles, onde admitia: “Os deuses criaram dois tipos” de pessoas: o tipo a quem forneceu mente e vontade, que é o tipo grego que foi criado com essa característica perfeita para ser seu sucessor na terra e mestre dos outros seres humanos; e o tipo a quem forneceu apenas força física e o que diz respeito diretamente ao corpo e estes são os bárbaros – ou seja, os que não são gregos os deuses os criaram nessa forma incompleta para que seus membros sejam escravos para a espécie escolhida.
Os judeus e os cristãos, antes do islão, se viam como o povo escolhido de Deus, com posição e status privados distintos do resto dos seres humanos. Viam-se como elementos diferentes, desta forma consideravam os outros como plebeus de acordo com a sua raça. Davam-lhes o nome de gentios, termo utilizado para os não judeus, que significa infiéis, pagãos e impuros...! Com esta alegação, os judeus e os cristãos afirmavam que merecem a escravização e a exploração dos outros, porque são pessoas desprezíveis, de acordo com a primeira criação. Deus, Exaltado Seja, mostra isso no Alcorão Sagrado, dizendo:
"Entre os adeptos do Livro há alguns a quem podes confiar um quintal de ouro, que to devolverão intacto; também há os que, se lhes confiares um só dinar, não to restituirão, a menos que a isso os obrigues. Isto, porque dizem: Nada devemos aos iletrados. E forjam mentiras acerca de Allah, conscientemente."(Alcorão Sagrado, 3:75.)
Ibn Kacír afirma em seu comentário sobre este versículo:
"O que os levou a negação da verdade é o fato de dizerem: A nossa religiao não nos condena se tomarmos os bens dos árabes iletrados, pois Allah permitiu-os para nós”.
Eles observam os outros povos com visão de inferioridade. Pois afirmam que Deus criou o resto dos povos para serem servos dos judeus. Deus, Exaltado Seja, revelou a verdade sobre eles, e que todas as criaturas são iguais, sem diferença entre eles e o que dizem não passa de seus meros desejos:
"Os judeus e os cristãos dizem: Somos os filhos de Allah e os Seus preferidos. Dize-lhes: Por que, então, Ele vos castiga por vossos pecados? Qual! Sois tão-somente seres humanos como os outros! Ele perdoa a quem Lhe apraz e castiga a quem quer. Só a Allah pertence o Reino dos céus e da terra e tudo quanto há entre ambos, e para Ele será o retorno."
(Alcorão Sagrado, 5:18.)
Os árabes, também, na época pré-islamica se consideravam pessoas perfeitas humanamente, e os outros, a quem denominavam, consideravam de povos inferiores, humanamente imperfeitos. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) mostrou as crenças erradas e o pensamento equivocado. Pois, suas palavras se tornaram a luz orientadora em relação a maneira de respeitar os outros, sem desprezá-los, com base nos ensinamentos da Lei islâmica, que veio para substituir o sistema de classes e suas distinções. Ibn Ômar (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou que o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse:
"Sonhei com muitas ovelhas pretas se misturando com muitas ovelhas brancas". Perguntaram-lhe: “Como você explica isso, ó Mensageiro de Deus?” Ele disse: "Os persas participarão de sua religião e parentesco." Eles disseram: “Ó Mensageiro de Deus, os persas!” Ele disse: "Se a fé fosse pendurada nas Plêiades (estrela) alcançariam nela alguns homens dos persas e as pessoas os felicitariam por isso." .( Al Mustadrak. )
As pessoas são como metais e os seres humanos têm características que Deus lhes destinou como a natureza humana, não como base na criação e origem.
Certamente, a perfeição pertence a Deus, Exaltado Seja, e a imperfeição e o defeito são características do filho de Adão, com excessão dos profetas e dos mensageiros (a paz esteja com eles). Esses ensinamentos influenciaram os corações dos muçulmanos e começaram a ser justos com os outros, relacionando-se com eles de acordo com esses ensinamentos. O Musaurid Al Kurachi, enquanto estava na companhia de ‘Amr Ibn Al-‘Aas relatou que ouviu o Mensageiro de Allah (Deus o abençoe e lhe dê paz) dizer:
"A hora do Juízo Final acontecerá com os européus mais numerosos entre as pessoas.", ‘Amr disse-lhe: “Tem certeza do que está dizendo?” Ele disse: “Digo o que ouvi do Mensageiro de Allah (Deus o abençoe e lhe dê paz)”. ‘Amr disse: “A explicação ao que você disse é que eles possuem quatro virtudes: São as pessoas mais sábias perante as intrigas; as mais despertas após o desastre; as mais rápidas em reagir após a derrota; são os que melhor tratam o necessitado, o órfão e os fracos; e uma bela virtude como quinta: seus governantes não são injustos com eles.”( Musslim. )
O Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) veio para abolir o detestável sistema de classes. Por isso, a liberdade faz parte dos princípios da Chari’a, a liberdade absoluta de todos os seres humanos, de acordo com as diretrizes da Chari’a aplicada pelos califas que o sucederam. Eles não faziam distinção entre o governador e o governado, entre o rico e o pobre. Anas (que Allah esteja satisfeito com ele) relatou que um homem do povo do Egito, foi ter com Ômar ibn al-Khattab e se queixou:
“Ó Emir dos Crentes, peço refúgio em você da injustiça”.
Ômar perguntou: “Refugiar-se de quê!”
Ele disse: “Apostei uma corrida com o filho de 'Amr ibn al‘Aas - era o governante do Egito, nomeado por Ômar – e ganhei a corrida. Ele começou a me bater com um chicote, e a afirmar: sou filho de honrados!”
Ômar escreveu para ‘Amr ibn al-‘Aas ordenando-o para comparecer acompanhado pelo filho; ambos se fizeram presente diante Ômar.
Ômar perguntou: “Onde está o egípcio?” ordenou-o a pegar no chicote e bater no filho de ‘Amr ibn al-‘Aas. O egípcio começou a batê-lo, e Ômar dizendo: “Bate no filho de honrados.”
Anas disse: “Ele bateu e a gente estava gostando do castigo. Bateu tanto que desejamos que ele parasse”.
Então, Ômar disse ao egípcio: “Coloque o chicote na careca (cabeça) de ‘Amr”.
O egípcio disse: “Ó Emir dos Crentes, foi o filho dele que me bateu e eu já me vinguei dele”.
8 Ômar disse: “Como escravizam as pessoas, se suas mães as geraram livres?”
Ele disse: “Ó Emir dos Crentes: Eu não sabia e fui ensinado." . (Ibn Abd Al Hakam)